domingo, 19 de abril de 2009

Tantas Emoções


Desde que a arrancada surgiu, quando ainda era conhecida como quilometro de arrancada, ela carrega o fardo de ser comparada e confundida com os rachas de rua.

Um dos argumentos de quem defende os rachas é de que correr na rua tem muito mais emoção.
E sabe que tive que dar o braço a torcer, por que analisando quantitativamente essas pessoas realmente tem razão.

Na arrancada temos basicamente duas emoções, a alegria da vitória e a tristeza da derrota e pronto, acabou, era isso.

Já na rua, a quantidade de emoções realmente é muito maior, temos emoções para todos os gostos, para mães, para pais, para esposas, para filhos, para irmãos e para os amigos também.

Nos rachas também temos a alegria da vitória e a tristeza da derrota...Mas temos algumas outras emoções que os praticantes dos “aceleras de rua” não levam a sério, mas que estão lá a espreita esperando a oportunidade de surgir avassaladoramente.

Além das já citadas alegria e tristeza, posso enumerar algumas emoções e sentimentos que podem surgir num piscar de olhos;


- Desespero
- Incredulidade
- Inconformismo
- Angustia
- Culpa


*Desespero, pode ser exemplificado como o desespero de uma mãe recebendo um telefonema, às 3 da manhã avisando que o filho está morto embaixo de um ônibus que cruzou o sinal vermelho bem na hora que nosso “piloto de fuga” vinha a 160 km/h de “cano cheio”, e obviamente não conseguiu frear.
*Incredulidade, pode ser a do pai que não consegue acreditar que está caminhando naquele corredor fétido do IML, indo reconhecer o cadáver roxo e desfigurado de seu filho querido que se esborrachou contra uma árvore, só quem já passou por esse processo de reconhecer alguém sabe o quanto isso é doloroso, e quantas marcas ficarão para o resto da sua vida.
*Inconformismo, é a da família que não consegue se conformar com o fato de seu irmão, filho, namorado, primo, neto, querido, cheio de vida, inteligente, legal... Estar ali sendo velado aos 20 e poucos anos só porque resolveu buscar adrenalina no lugar errado.
*Angustia, pura e simples angustia de uma mãe que nunca mais conseguira dormir direito por que a noite traz lembranças da maior perda da sua vida, e toda a vez que o telefone toca, ela tem a sensação de levar um soco na boca do estomago.
*Culpa, imagine carregar para sempre a culpa de ter matado seu melhor amigo ou o amor da sua vida, por que “teve” que acelerar com um outro mané para não levar desaforo pra casa.
E outra coisa que não pode ser esquecida é que isso tudo pode ser causado na família de um inocente que só estava na esquina, esperando para atravessar a rua, quando alguém perdeu o controle do carro e invadiu a calçada, por que estava bancando o piloto.

Vamos cair na real com esse papinho de "mais emoção", ser jovem não é desculpa para fazer idiotices.
Use seu cérebro, sua mãe agradece.

6 comentários:

  1. André, mais uma vez tu com o super post sobre rachas. É um assunto tão batido, as vezes parece até bobagem ficar repetindo, mas na verdade, temos que lembrar todos os dias.
    Quando tu falou em emoções de acelerar na rua fiquei pensando na palavra euforia. No dicionario euforia é: o estado emocional de exitação plena. Ou seja, é muitaos sentimentos ao mesmo tempo para se administrar, e com certeza SEGURANÇA, não é uma palavra que se pensa em administrar nessa hora.

    É isso aí, sabado que vem tem Associação Desafio no Velopark, levem a vontade de acelerar lá pra dentro da super pista!

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  2. Pois é, as pessoas tem mania de achar que as coisas ruins só acontecem com os outros...
    Mas qualquer um pode ser o "sorteado".

    Não tenho intenção de pregar moral, cada um faz oque acha melhor para si, mas pensar nas consequencias não faz mal nenhum.

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  3. porque tu não coloca uma linha pontilhada nos teus posts para o pessoal assinar em baixo...
    belo post abraço

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  4. Se eu não tivesse aprendido a levar desaforo para casa tenho quase certeza de que não estaria aqui nesse mundo. E não falo apenas das inumeras vezes que já fui intimado na rua, não acelerei e depois fiquei ouvindo gozação. Me refiro também as provocações para briga, xingamentos e outras provas de que a masculinidade é medida na base da força, como aqueles bichos (não lembro o nome agora) que ficam se batendo com muita força de cabeça para provar quem é o mais forte.
    Quando eu pude escolher entre ser o herói forte sem cérebro ou ficar de fora dos holofotes eu preferi a parte inteligente. No final os holofotes acabaram apontando pra mim mesmo e não foi fazendo nada de proibído, perigoso e irresponsável então não me arrependo de ter usado aquela parte do corpo que os machões esquecem que existe.
    Uma música do Faith no More já expressava bem o que essas pessoas que buscam essas "emoções" citadas no post são: King for a day, fool for a lifetime. E eu não quero isso pra mim.

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  5. Bah...

    Reis de nada por alguns minutos e tolos pela vida a fora.

    O outro lado da moeda: dia desses via um programa com os brasileiros que estão entre os melhores em Tow in no mundo. (surf de onda grande).

    Um deles mantem uma escolinha na beira da praia para crianças que queiram participar. E ele descrevia a situação da seguinte forma: "aqui vem todos os tipos de crianças, filhos de banqueiro, dos condominios e até a garotada da favela. O mar os une. O esporte os une e iguala as suas diferenças. Ali, na prancha, sozinhos, tendo que decidir se remam contra a onda ou se fogem dela em direção a praia, eles crescem"

    E, "ao final do dia, os que vieram do condominio, cresceram tanto que nem conseguem mais falçar com os que ficaram lá confinados"...

    É o mesmo que acontece com o pessoal dos rachas de rua. Quem chega ao esporte organizado, cresce. E é com imensa tristeza que vemos tantos continuarem tolos pela vida afora..

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  6. Acompanho este esporte desde o tempo do KM de Arrancada, e la se vão quase 30 anos, e neste tempo presenciei e escutei inúmeras históris tristes sobre os "pilotos de rua", quase todas catastróficas. RACHA NA RUA É CRIME.

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